Industrias Criativas: empreendimento e gestão de design em Santa Catarina
O ano de 2015 foi decisivo para as designers Mariana Guolo e Caroline Freitas, formandas em Design de Produto na Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, de Criciúma, Brasil, quando escolheram como tema de projeto final de graduação a proposta de inserir o design no contexto das empresas familiares que fazem parte, nos segmentos de calçados masculinos e semi joias. Em comum, ambas as designers identificaram a necessidade de construir uma identidade própria , reconhecer melhor o público alvo e agregar mais valor aos produtos de marcas já consolidadas regionalmente.
Calçados Masculinos
No caso do projeto para a empresa de calçados masculinos, a qual está no mercado há 40 anos e produz 1000 pares dia, Mariana identificou um processo fechado, com foco na produção, desenvolvido a partir de informações coletadas pela área comercial e aprovadas internamente por diversos setores. Segundo Mariana, “o processo atual de criação não possui um prazo e datas específicas, apenas são elaborados modelos físicos conforme a pesquisa feita durante o ano. Nota-se também que não existe uma etapa para a escolha do tema, ou o conceito da coleção. O último quadro do processo é a produção, quando o produto vai para o mercado pelas mãos dos representantes, a fim de se realizarem as vendas e perceber sua aceitação.“ A proposta desenvolvida dividi-se em três níveis, estratégico, tático e operacional.
O nível estratégico irá descrever o cenário futuro e tem como objetivo definir a missão, visão e valores.
No nível tático, os objetivos de médio prazo são: conduzir as tarefas operacionais além da comunicação entre os setores e melhorar o setor de criação, bem como o processo de desenvolvimento de novos produtos .
No nível operacional, as ferramentas importantes da pesquisa irão abranger a persona, a situação de uso do calçado, análise de tendências, painéis semânticos e os fatores que proporcionam relevância para o projeto.
Cada nível terá datas específicas para realizar as tarefas, mesmo no nível estratégico, o qual possui prazos mais longos. Outro fator que será indispensável é a revisão durante certo tempo do novo processo assim como novas demandas, “mas toda a equipe deverá estar de acordo com a alteração proposta”, conclui Mariana. Como exemplo prático, foram idealizadas três tipologias: Básica, Fashion e Vanguarda. E desta última nasceram as linhas Derby e Oxford (protótipos).
Eterna: Semi Joias
Para a empresa de semi joias, no mercado regional há mais de 28 anos, Caroline concentrou-se no nível operacional e considerou que a gestão do design terá como função criar uma estratégia que permita a inserção na cultura do design e torná-la mais competitiva.
Atualmente a mesma não possui um setor de design que desenvolva seus produtos. Grande parte das peças são adquiridas ainda em seu material bruto de fornecedores e finalizadas com os processos galvanoplásticos, visto que a empresa dispõe de know-how e um setor específico de galvanoplastia. Os produtos criados partem da montagem de acessórios de metal, pedrarias e modelos de correntes, uma vez que conta com um grande acervo desses materiais.
Houve a necessidade da implantação de um departamento de design que guie todas as etapas do processo de criação, para que a marca ganhe ainda mais destaque no mercado, por meio da diferenciação de seus produtos. A pesquisa possibilitou a compreensão do tema, além de demonstrar a relevância do design e sua cultura no interior da empresa, visto que a gestão, mesmo que ao nível operacional, é capaz de modificar os processos organizacionais. A busca de maior êxito comercial estabeleceu uma forte aproximação com seu consumidor e maior percepção dos acontecimentos do mundo, os quais irão interferir nesta relação.
Gargantilha (fonte: arquivo Caroline Freitas, 2015)
Foi desenvolvida uma coleção explorando a linguagem clássica dos acessórios, denominada Eterna e composta por brincos, pulseiras e gargantilhas, para o público feminino, com faixa etária de 25 a 40 anos.
O processo de desenvolvimento partiu de ferramentas como painéis semânticos e análise de tendências para uma maior aproximação com o público alvo, seguido de renders e modelagem 3D, bem como o desenvolvimento de modelos e protótipos.
O processo de desenvolvimento partiu de ferramentas como painéis semânticos e análise de tendências para uma maior aproximação com o público alvo, seguido de renders e modelagem 3D, bem como o desenvolvimento de modelos e protótipos.
O projeto de Mariana Guolo foi orientado pelo designer Haron Fabre enquanto o projeto de Caroline Freitas, pelo designer Fabio Brodbeck, sob a coordenação do designer Igor Drudi, professores do Curso de Design UNESC.
Informação
Design UNESC / Universidade do Extremo Sul Catarinense
www.unesc.net
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